Suassuna, a doidura e Dom Quixote

Como o Suassuna, eu gosto de gente doida, (pela perspectiva diferente, genialidade, pelo lapso perdido que lhe fez abandonar o arrepio da realidade cruel). É! Mas sobretudo tenho uma admiração pelas pessoas que têm uma voracidade de conhecimento. Admiração por quem não pára de estudar, que não pára de se aperfeiçoar. Quem não se acomoda. Porque precisa de conhecimento para sua alma, precisa saber mais. São essas pessoas com quem me identifico. Porque sei que é assim onde encontro Dom Quixotes que tanto amo.

Catador de Papel

Crônicas Paulistanas
Logo que acordei olhei pela janela, num olhar perdido de curiosidade desajeitada esperando o dia dizer o que vai acontecer.
Daí reparei num catador de papel. Mas eu sempre reparo neles, manejando a carroça, procurando papelão nos cantos da cidade e irritando aos apressados do trânsito congestionado, também reparo nos irritados.
Pois bem, antes do catador, tenho que dizer que o dia amanheceu escuro de calor chuvoso, “garooso” (se assim posso falar), desses dias de São Paulo. Os sinais de trânsito na sua rotina abrindo e fechando em seu próprio tempo e os motoboys, igualmente, sem parar em sua próprio tempo e em sua própria lei.
E ali, estava ele: atravessando o sinal, sem se preocupar com nada disso, nem com o fluxo de veículos, nem com a chuva, nem talvez com sua vida, ele estava atrapalhando o trânsito (diferente do que canta o Chico), ia andando, devagar e sem sapatos. Ajeitando o peso, abaixando e subindo a alavanca da carroça e dando dois passos de cada vez, e logo tudo de novo: se ajeitava, subia, baixava caminhava e assim ele se foi até eu o perder de vista. Como uma canoa de pesca entrando em tempestade alto mar.
Dei um gole na minha água e engoli seco tentando entender: ele faz tudo isso e sem sapatos? Mas como? Será a sua necessidade mais que básica de sobrevivência em catar os papéis alheios antes de calçar-se pro mundo?
Assim fiquei olhando pela janela, com resto de água no meu copo e a bofetada descalça me dando bom dia.

Silêncios

It was within the silences that I understood better those meaningless words and they reverberated, screamed and choked on me for a long time (both before and after) those meetings.

Inexorável

Depois de tudo, há em minha cabeça mundos paralelos que precisam de vazão, eles requerem escorrer para dar lugar a outras loucuras que vou inventando, moldando e inexoravelmente me apaixonando.
After all, there are parallel worlds in my head that need an outlet, they require drainage to give way to other follies that I’m inventing, shaping and inexorably falling in love with.

Nas Maravilhas…

Era bem verdade que o Chapeleiro era maluco e a ensinou o ritual do chá e sem querer disse que a felicidade era um estado de contentamento fugaz que todos tentam agarrar. Mas “felicidade” pra ela era, às vezes, uma palavra vazia, outras um chocolate, quizás uma taça de vinho… Eventualmente o chá…

It was true that the Hatter was crazy and taught her the tea ritual and inadvertently said that happiness was a state of fleeting contentment that everyone tries to grasp. But “happiness” for her was sometimes an empty word, sometimes a chocolate, maybe a glass of wine… Eventually the tea…

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