Minha boca

Faça da minha boca
Seu mais valioso cálice
E se no calar-se
Ainda clama,
E bebe-me a chama
Que é em si mesmo
O próprio falar-se

Traz a mim a sua presença
E torna-me tua como se tua fosse,
Porque sou teu cálice,
Embebida inteira,
Deste amor doce.

 

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Foto: selfie Amsterdam

2 thoughts on “Minha boca

  1. Podem ser estáticas as fotos, não porém os poemas. Eis que as rimas me vieram distintas… espero que lhe toquem onde lhe seja mais tocante:

    E assim me entardeci
    Allegro afetuoso
    Com a pluriplúmbea
    Face tua pictórica
    Presente porém distante
    A dilacerar todavia
    Como um maremoto
    Num átimo num zás
    A trincada taça
    Em que tu a beijar
    Sorvias a sorrir
    Sabias o vinho
    Que ninguém
    Via

    Ali estava carnuda
    Tua boca carmim
    Cinérea contudo
    Na imagem sem foco
    A beijar baça
    A luz que vinha
    Como um hálito málico
    De mauvaises mots
    Para dentro de mim

    I.B.

  2. Essa foto pluriplúmbea me invade como um maremoto, arrasta para dentro de mim tudo quando dela vem: mauvaises mots cor de malva em hálito málico… Uma imagem que faz verter em mim estes versos:

    Tão negros quanto teus olhos os dias me anoitecem
    E tão frescas quanto as memórias são as dores do perder-te.
    Meu coração, deserto de razões, inundado de lágrimas,
    Varrido pelos ventos violentos dos desejos incontornáveis,
    Fustigado pelas imagens do não-sido,
    Transido pelas fendas abismais do tempo irreversível,
    Coração de cordas inúmeras, silente agora sem tuas mãos,
    E que urra em suplício, exangue, num peito de ti desterrado.

    I.B.

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